sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Barbaresco 2006 Produttori del Barbaresco - Floral e tânico

Na última quarta-feira o Fernandinho resolveu me homenagear pela titularidade, me convidando para jantar em seu restaurante Ciao Belo. Ofereceu então um delicioso Ravioli de Vitela com manteiga de Sálvia que estava demais. Para acompanhar, ainda abriu um Barbaresco Produttori del Barbaresco 2006 que casou perfeitamente com o prato. O vinho é produzido pela secular cooperativa Cantine Sociale Produttori del Barbaresco, fundada em 1894. A cooperativa teve suas atividades interrompidas pelo fascismo em 1920, mas voltou à atividade em 1958, como a única solução para a sobrevivência de pequenos produtores. Segundo o seu site, em bons anos são produzidos 40% de Barbarescos single vineyards, 40% de Barbarescos e 20% de Langhe Nebbiolo. O interessante é que são produzidos bons vinhos, a bons preços. 
Este Barbaresco 2006 ainda está jovem, mas mostra deliciosos aromas de groselha, amora silvestre e notas florais típicas da casta. Em boca, é amplo e com final longo. Os taninos ainda pegam um pouco, o que deve melhorar com algum tempo de adega. Obviamente, ele pede comida, como um bom italiano. Se for apreciá-lo não esqueça de abrir com bastante antecedência e de preferência decantar. A propósito, o vinho é comercializado pela Grand Cru. Valeu Fernandinho! Estava tudo perfeito. Obrigado pela homenagem.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Altos las Homigas Reserva 2006 - Um clássico, sempre

Quem nunca bebeu uma garrafa de Altos las Hormigas? Difícil, né? E quem não ouviu a história do nome da vinícola, atribuído pela presença de formigas nas terras ocupadas pelos vinicultores em 1996? Também dificil. Provavelmente o clássico Altos las Hormigas foi um dos primeiros vinhos de muitos apreciadores de Malbec. Eu particularmente não. Meu primeiro Malbec foi o hoje um pouco esquecido Terrazas Reserva, que aliás, é muito bom. Mas me lembro bem, quando tempos depois comprei uma caixa do Las Hormigas 2002, um belo vinho, de uma bela safra e a um ótimo preço. E também me lembro quando bebi um Reserva 1999, há uns 5 anos, soberbo. Geralmente comparo a diferença do Las Hormigas clássico para o Reserva, com aquela entre o português Duas Quintas  e seu irmão maior Duas Quintas Reserva. Há vários degraus entre eles. O Altos las Hormigas Reserva é um grande vinho, e oferece muito pelo seu preço (que inclusive, já foi bem menor). Mas ainda está bom. Ele bate de frente com outros Malbecs muito mais badalados e que custam mais de duas vezes seu preço. Quem nunca bebeu, precisa experimentar, pois é um clássico quando se trata de Malbec Argentino. Antes de ontem olhei para a Adega e olhei para uma garrafa do Altos las Hormigas Reserva 2006, que olhou para mim, e pronto: Sacacorchos nele! E aí, a picanha teve que deitar na grelha, pois a dupla faz sucesso. O vinho em questão, feito sob a batuta do grande enólogo Toscano Alberto Antonini (que também dá consultoria para a Bodega Renacer), é maturado 18 meses em carvalho frânces, o que lhe dá bastante estrutura. Sua cor, púrpura, é bem bonita. Os aromas, riquíssimos, sem nenhum exagero. Destaque para as notas de ameixa, figo, amora madura, alcaçuz e grafite. Em boca, muito amplo, sedoso, redondo e com boa acidez e mineralidade. O final é longo e muito gostoso. Uma delícia de vinho. Eu já bebi um número enorme de Malbecs Argentinos, dos mais simples aos tops, mas sempre que volto  ao Hormigas Reserva tenho o pensamento claro de que não é preciso mais que isso quando se trata de Malbec. Experimentem!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Jorge Ordoñez Victoria número 2, ano 2008 - Uma jóia!

Jorge Ordoñez é um enólogo de Málaga, sul da Espanha, especialista em vinhos doces. É um craque! E o desafio é grande: Ele produz vinhos doces em uma região famosa pela produção dos grandes Jerez doces, que além da qualidade, têm ótimo preço. A vinícola é parceira da familia de Alois Kracher, grande mestre austríaco dos vinhos brancos doces. Os vinhos da vinícola de Jorge Ordoñez são sucesso de crítica, sempre arrebatando prêmios e grandes notas da crítica especializada. Este vinho que apreciei, o Jorge Ordoñez Victoria 2, do ano de 2008, por exemplo, teve 96 pontos do prestigiado Guia Peñin, em sua edição de 2011. E não é à toa, o vinho é uma preciosidade. Ele é feito com a uva Moscatel de Alexandria, com fermentação em tanques de inox limitada pela diminuição da temperatura quando a graduação alcoólica atinge 13%. É um vinho particular, fino, entre os melhores doces encontrados. Dos vinhos feitos por Kracher, me recorda a frescura e vivacidade. Os aromas de mel e casca de laranja se destacam. Em boca, a acidez equilibra a doçura natural com perfeição. Apreciei o vinho solo e com diferentes acompanhamentos, incluindo panetone, carolinas de creme com cobertura de chocolate, carolinas recheadas com creme de limão e o batido queijo azul. Em todas as situações, foi um perfeito anfitreão! Aliás, dizem que é uma característica deste vinho: Combinar com os mais diferentes acompanhamentos. Um néctar dos deuses! Recomendadíssimo! O seu único problema: O rótulo prateado que atrapalha a foto... rs. A propósito, os vinhos de Jorge Ordoñez são importados e comercializados pela Vinci
Gerhard Kracher (filho de Alois Kracher), Alistair Gardner (enólogo Neozelandês),  Victoria Ordoñez (irmã de Jorge) e Jorge Ordoñez. Foto retirada do site da vinícola (www.jorge-ordonez.es)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Lenswood Chardonnay 1996 - Velhinho surpreendente!

Tempos atrás adquiri na Adega Spazio, em São Carlos, uma garrafa do Lenswood Chardonnay 1996, um vinho australiano produzido pelo casal Tim e Annie Knappstein, a partir de uvas plantas em vinhedos próximos à cidade de Adelaide. Tim Knappstein é um vinhateiro experimente e muito respeitado na Austrália, pertencente a terceira geração de uma família de produtores de vinho. Interessante é que ele divide o tempo entre produzir vinhos e dar consultoria à vinícolas, com as corridas de carro. Pois é, o cara ainda disputa corridas em um Datsun 240Z restaurado e adaptado para a velocidade. 
Bem, quanto ao vinho, fiquei um pouco apreensivo pela idade do danado, mas levei, pois se ele estivesse bom poderia dar prazer. E não é que estava? E JP e eu pudemos constatar isso ontem à noite. Sua bela cor amarelo ouro denunciava sua idade, mas ao nariz, quanta vida. Aromas complexos, com a presença de notas de maracujá e mamão papaya, em meio a notas deliciosas de mel. O vinho tinha um pouquinho só de amanteigado, sem exageros, e a acidez lhe aportava frescor, mesmo com seus 15 aninhos. Muito gostoso! Um vinho que me surpreendeu, mostrando que bons Chards australianos podem envelhecer sem perder a vivacidade. Aliás, dizem que o Tim Knappstein também produz excelentes Pinot Noir, premiados na Austrália. Fiquei curioso para experimentar. Só não sei quem comercializa seus vinhos no Brasil atualmente. O contra-rótulo cita que era importado pela Maison du Vin, mas acho que não mais. Vi que a Wine Society comercializa vinhos com o titulo Knappstein, mas acho que não são mais os vinhos produzidos na pequena propriedade do casal. A saber...

sábado, 24 de dezembro de 2011

DE BARCA VELHA A CHATEAU D'YQUEM - SÓ MARAVILHAS EM NOSSO JANTAR DE FINAL DE ANO

Nessa semana fizemos o jantar de final de ano da Confraria do Ciao. E para acaompanhar a bela massa feita pelo Tom e o pernil de Cabrito que fiz, só grandes vinhos. O primeiro aberto foi um Chateauneuf du Pape Domaine du Pégau Cuvée Laurence 2005. Não confundir com o Selection Laurence Pégau, que é um vinho bem mais simples. Este é outra coisa. Um dos tops do produtor, tradicional no Rhone. É um Chateauneuf à moda antiga. Vinho com aromas de groselha, tabaco doce, tostado e ao fundo, notas de Bret e toques terrosos. Em boca, redondo, sedoso e com final muito longo. Vinho complexo, refinado e velho mundo por natureza. Eu gostei muito. Uma raridade já difícil de encontrar, mesmo fora do Brasil. Eu tive a chance de adquirir na Grand Cru e felizmente ainda tenho duas garrafinhas para beber daqui a alguns anos.
Seguimos com um top chileno que há tempos queria provar, o Chadwick 2005. Este vinho coleciona vitórias em degustações às cegas frente a grandes Bordeaux. E que vinho! Um nariz de arrebentar. Aromas deliciosos de cassis, cereja preta, cacau e chocolate, em meio a um tostado muito gostoso. Em boca, amplo, sedoso e com final longuíssimo! Um vinhaço! Um dos melhores chilenos que já sorvi. Superou minhas expectativas.
E depois do grande Chadwick, mandamos ver em um espanhol de Ribera del Duero, o Flor de Pingus 2008. É um vinho produzido pelo engenheiro agrônomo Dinamarquês Peter Sisseck. O mesmo que produz o famoso e caro Pingus. Bem, este Flor de Pingus é um vinhão! Um vinho um pouco exótico, com ótima fruta e notas especiadas diferentes, em meio a notas balsâmicas. Em boca, muita estrutura e complexidade. Já bebível agora (e com prazer...), mas com longos anos pela frente. Também agradou a todos.
Mas o conterrâneo dele, alí, de pertinho, Rioja, fez ainda mais presença. O riojano La Viña de Andrés Romeo 2005, produzido por Benjamin Romeo, fez um sucesso incrível. O vinho, da família do grande Contador, é também grande! Ele alia potência e elegância. Ao nariz, notas de amora, cereja preta, tostadas, café e caramelo. Em boca, repete o nariz e é suntuoso, amplo, longo e muito sedoso. Que delícia! Um vinhaço!
E vamos em frente...
Depois das feras anteriores, mandamos ver em duas belezas da Casa Ferreirinha. O primeiro deles foi um Casa Ferreirinha Reserva Especial 2003. Nós já havíamos bebido o 1997, que estava maravilhoso (clique aqui). Este 2003 também estava muito bom, mas não ao nível do 1997, que a meu ver, estava melhor. Ao nariz, notas de groselha, amora, melaço, chocolate e alcaçuz. Em boca, redondo, longo e com taninos já arredondados. Um belo vinho, mas que ficou na sombra de seu irmão mais velho, que mostro a seguir...
No ano passado, apreciamos uma magnum do grande Barca Velha do ano 2000 (clique aqui). Confesso que naquela ocasião fiquei até um pouco decepcionado. Não por que o vinho estava ruim, longe disso. Mas por que eu esperava mais. Acredito que era porque, apesar da idade, ainda estava fechado. 
Mas pessoal, este Barca Velha 2000 que abrimos desta vez, estava uma coisa do outro mundo! Uma maravilha engarrafada. Nem dá para descrever a complexidade do danado. Foi unanimidade: O melhor da noite, sem dúvida alguma! Que riqueza! Vinho delicioso, com notas de figo, amora, cereja, café com leite, melaço, chocolate e alcaçuz. E com o tempo, ia se abrindo cada vez mais. Em boca, uma delícia! Taninos sedosos e final interminável. Grandioso!
E depois disso tudo, para acompanhar meu clássico e aclamado Créme Brulée, um grandioso Chateau D'Yquem 1997. O que dizer deste vinho? Talvez fosse melhor parar por aqui e só mostrar a foto. Uma maravilha! Vinho estupendo, riquíssimo, harmonioso. Um néctar dos deuses! E chega! Não vou correr o risco de cometer qualquer injustiça com esta preciosidade que é para ser bebida de joelhos.

Bem, a noite foi maravilhosa, com bela comida, amigos para sempre e vinhos grandiosos. A única falha foi a ausência de nosso amigo Paolão, que estava doente. Uma ausência muito sentida.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

E na visita anual do amigo Tony, vinhos de primeira: Americanos, Espanhóis e um Francês premiado!

E como sempre acontece, no final de ano o amigo Tony Conde, atualmente residente nos EUA, nos visita e traz vinhos diferentes para experimentar. E desta vez foi a melhor delas. Cheguei na casa do JP, onde o evento sempre acontece, quando já haviam "evaporado" uma garrafa de um Chard muito fresco, sem barrica, que gostei bastante. Era o californiano de Sonoma, o Martin Ray Chardonnay unoaked 2010. Notas gostosas de melão e pera, bem atraentes. Pena que só bebi umas gotas... rs.
Depois bebemos um outro californiano, agora tinto, da vinícola Shannon Ridge, o Wrangler Red Ranch Collection 2008. É um corte complexo (37% Zinfandel, 35% Syrah, 18% Petite Sirah, 5% Barbera, 3% Mourvédre e 2% Tempranillo). O vinho passa 14 meses em barricas francesas e americanas. É muito gostoso, com notas de groselha, cereja marrasquino e um fundinho de baunilha. É muito redondo em boca, com taninos muito sedosos. Um dos melhores da noite.
Passamos então para um Zinfandel, o Melanto Terrace 2007, do produtor Buford e Brown. É um bom Zin, com notas de frutas vermelhas, anis e alcaçuz. É de uma linha mais leve que os tradicionais Zins californianos, que geralmente têm mais peso. Bom vinho, mas que não chegou a empolgar.
Daí, passamos para o Montoya Pinot Noir 2009, de Central Coast. É um Pinot típico do novo mundo, um pouco doce, com notas de framboesa e cereja. Gostoso, mas se fosse um pouquinho menos doce ficaria melhor.
Bem, aí saimos dos californianos e fomos para aquele que achei um dos tops da noite, o Georges Duboeuf Morgon Jean Descombes 2009. Geoges Duboeuf é um grande negociante de Beaujolais, mas que produz também seus próprios vinhos. Morgon é um dos dez Cru de Beaujolais, onde são produzidos vinhos de qualidade bem superior aqueles conhecidos das AOC Beaujolais e Villages. Nos dez Cru são produzidos vinhos mais elaborados, e no Cru Morgon, em particular, vinhos mais longevos. Este Jean Descombes 2009 estava uma maravilha! Muita fruta, com notas de framboesa e amora, em meio a notas florais, muita mineralidade e uma acidez vibrante. Uma delícia de vinho! Foi aí que o amigo Tony disse que ele foi o número 21 na lista dos Top 100 da WS em 2011, com 93 pontos. Merece! Quem só conhece os Beaujolais alegres e descompromissados precisam experimentar este, para ver como podem ser produzidos vinhos complexos com a Gamay.
LAN Reserva 05 e o Tony ao fundo, clicando
E quando acabamos com os vinhos do Tony, o JP abriu uma garrafa do Riojano LAN Reserva 2005, que já fora oferecido por ele em outra oportunidade (clique aqui). Mas esta garrafa estava melhor. As notas de licor de cereja, em meio a notas de tabaco e casca de laranja, faziam do vinho uma delícia! Em boca, muito redondo, gostoso, com taninos levemente terrosos e final médio. Ficou alí no topo, junto com o Morgon. Nós bebemos também um de Ribera Del Duero, o Embocadero 2009, que estava jovem, mas também muito bom. É um vinho que não parece muito com a maioria de Ribera Del Duero, mas que tem muita presença, com notas de amora, tostadas e balsâmicas. É um vinho com bom corpo e boa mineralidade. Uma novidade da Gran Cru. Esqueci de tirar foto dele...
Gruet Blanc de Noirs - Uma  bela surpresa
E deixei para o final um espumante de primeira, também trazido pelo amigo Tony, o Gruet Blanc de Noirs NV. Pois é amigos, os gringos estão fazendo excelentes espumantes, e a preços mais do que convidativos (pelo menos por lá... rs). E este também ficou na lista dos Top 100 da WS, na posição 43, com seus 90 pntos. Isso foi, obviamente, ajudado pelo belo preço (~14 doletas), mas a qualidade do vinho é alta. Ele é vibrante, gostoso, rico, com notas de maçã, pera e aqueles aromas gostosos de padaria às 6h00 da manhã. Uma belíssima surpresa feita em Albuquerque, Novo México (pois é... rs). Não sei se é vendido no Brasil, mas eu gostaria muito de experimentar outra garrafa deste.
Bem, foi mais uma bela e tradicional noite de final de ano na casa do amigo JP (O Rei da Fraldinha), na presença de amigos e com a presença do amigo Tony, que nos visita apenas anualmente (infelizmente). Bem, é aguardar o próximo ano.
Tony, Eu e JP (O Rei da Fraldinha)

Eu e Tony mandando um naso duplo no Gruet

Até o JP, que não é muito fã de espumante, gostou do Gruet

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Jacob's Creek Reserva Shiraz 2004

O amigo Carlos André me ofertou um vinho que estava curioso para conhecer. Eu já conhecia a linha mais simples da vinícola australiana Jacob's Creek, mas tinha curiosidade para conhecer o Reserva, que me diziam ser muito bom. Eu gostei deste Jacob's Creek Reserva Shiraz 2004. Os aromas são de frutas maduras, com destaque para ameixa e cereja preta, mescladas a notas tostadas, chocolate e alcaçuz. Em boca, no início parecia meio doce, mas enganava. Era bem completo, redondo, com taninos bem sedosos e um final especiado, que disfarçava o lado doce. Eu gostei do danado, que deve ficar ótimo com uma carne grelhada, grossa, ao ponto. Quem sabe o Carlos se convence a abrir a garrafa do 2003 que ele tem lá (que dizem ser ainda melhor) para acompanhar uma bela carne?

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

E depois do 2006, NUMANTHIA 2000! Um "Touro" de 11 anos!

 Há algum tempo bebi o espanhol Numanthia 2006 (veja aqui). Era um vinho dos grandes, mas que necessitava paciência, só mostrando suas qualidades verdadeiras no dia seguinte (e eram muitas!). Era como grandes Brunellos e Barolos, que precisam respirar (e muito), para mostrar suas grandes qualidades. E neste final de semana abri um Numanthia 2000. Minha esperança era que estivesse mais pronto que o 2006 e que pudesse já mostrar suas qualidades mais rapidamente, afinal, já tinha 11 aninhos. Ledo engano! Apesar de mais aberto que o 2006, estava muito poderoso durante as primeiras horas. E não adiantou. Abri as 5 da tarde e quando era 9 da noite ainda estava lá, irredutível. As notas de cereja e madeira eram as únicas que se mostravam, junto com o álcool um pouquinho saliente. Mas parava por aí. Um "Toro" bravo, ao pé da letra. Mas no dia seguinte, como aconteceu com o 2006, mostrou tudo que tem de bom: Licor de cereja, chocolate, notas balsâmicas e alcaçuz. Grande presença em boca e final interminável! Que maravilha! Um vinhaço! Potência sem perder a classe.
Portanto, quem for apreciar esta fera, tenha paciência. Ele pede tempo de decanter. E não é pouco. Faça como os italianos fazem com os Biondi-Santi: Abra no dia anterior e se esbalde no dia seguinte. E se deixar dois dias, não se desespere, ele continuará se abrindo e dando muito prazer. A propósito, o Numanthia é comercializado pela Peninsula.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MONTELIG 2005 - Que vinho delicioso de Von Siebenthal!!!

Nosso amigo Carlos André nos brindou com um belo vinho chileno, da vinícola Von Siebenthal. A vinícola é de propriedade do advogado suiço Mauro Von Siebenthal, que não mais advoga, e que agora se diverte fazendo grandes vinhos no Chile. Tempos atrás bebi um mais simples do produtor, o Parcela #7. Desta vez, foi o grande Montelig 2005, um dos vinhos tops do produtor. O nome vem de "Monte" (de monte mesmo...) e o "Lig" é uma palavra indígena que se refere à luz. Este 2005 foi feito com Cabernet Sauvignon (40%), Petit Verdot (30%) e Carmenére (30%). A porcentagem de Cabernet Sauvignon diminuiu sensivelmente em relação a safras anteriores, e a Carmenére aumentou (o que parece ser uma tendência chilena). A Petit Verdot lhe aporta austeridade e toques florais, e a Carmenére também aparece com sua fruta e "pimentinha", mas sem exageros. O vinho passa 24 meses em barricas novas de carvalho francês,  o que lhe aporta bastante estrutura. Ao ser aberto já mostrava a que veio: fruta madura, muito viva (cassis, groselha e cereja preta) e grande profundidade. Com o tempo em decanter foi se tornando mais complexo, com a fruta sempre presente e notas de chocolate, alcaçuz e leve mentolado. É daqueles que crescem na taça, atributo de grandes vinhos. Em boca tinha uma ótima pegada, com bela acidez e um final bem longo. Os taninos já estão no ponto. Sem dúvida alguma um top chileno, para ficar alí, no degrau de cima. Se for bebê-lo, resista e aproveite sua evolução no decanter e na taça. Vale a pena (aliás, como para todo vinho bão).

domingo, 18 de dezembro de 2011

Reyneke Sauvignon Blanc 2009: Biodinâmico de primeira!

Dias atrás apreciei um Sauvignon Blanc de primeira, feito pela vinícola Sulafricana Reyneke. É uma vinícola relativamente nova, criada em 1998 e cujos vinhos seguem os preceitos biodinâmicos. A vinícola produz vários vinhos, mas seus brancos têm feito muito sucesso. O que bebi é um Reyneke Sauvignon Blanc 2009. É um vinho que surpreende. Um nariz muito rico, com um início típico de grama cortada, que  se mistura à fruta, com notas de melão, lima da pérsia e pêra. Com o tempo, surgem notas gostosas de cêra de abelha, que dá para pensar até que tem um toquezinho de Chenin Blanc (mas não tem). Em  boca, tem acidez vibrante e muita mineralidade, com aquelas notas de giz (sem exagero), que tanto gosto. Foi ficando ainda melhor com o tempo, o que acontece geralmente só com brancos de qualidade. Um belo vinho! Ficou perfeito com camarão e deve ficar uma delícia com queijo de cabra. Estou curioso para experimentar o reserva. A propósito, os vinhos Reyneke são comercializados pela Mistral. Aliás, coloco a foto do 2008, emprestada do site da Mistral, por que bebi o vinho em um restaurante e não tirei foto.

sábado, 17 de dezembro de 2011

VOLTEI! E COM TUDO! VIU 1 2006, CARTUXA RESERVA 2007 E CATENA ALTA MALBEC 2007

Caros amigos, voltei! Depois de mais de uma semana sem postar em decorrência de meu exame para Professor Titular aqui na Universidade. Aliás, já sou um deles! Mas nesta quinta já comecei as comemorações, que prometem. Podem esperar grandes vinhos bebidos nestes próximos dias, mesmo por que, a reunião de final de ano da nossa confraria é na semana que vem, e só vai ter "Vinhobão"!
Bem, mas nesta quinta o Fernandinho nos recebeu com uma bela comida e um cava Freixenet Cordon Negro, que eu gosto muito. E depois dele, fomos para um tinto top, que levei, e que foi presente de aniversário de minha esposa. Era um Viu 1 2006, vinho ícone da chilena Viu Manent, em tributo à memória de Don Miguel Viu Manent, que o concebeu. O vinho é feito com Malbec (94%) de vinhas de mais de 70 anos de idade, e uma pitadinha de Cabernet Sauvignon (6%). O blend maturou 20 meses em barricas novas de carvalho francês (98%) e americano (2%). Ao nariz, notas de figo, ameixa e leve cassis, em meio a notas de café e chocolate ao leite. Em boca, repetia o nariz e mostrava uma sedosidade incrível. E nada daquele de exageros. Tudo na medida certa. Um vinho grandioso e que teria muitos anos pela frente se não decidíssimos abate-lo, com muito prazer! É uma resposta chilena aos grandes Malbecs argentinos, e para bater de frente com os grandes. Aliás, a Viu Manent está produzindo um grande Malbec no Vale do Uco, que eu quero experimentar um dia.
O amigo Paulão levou um outro Malbec, mas argentino: O Catena Alta Malbec 2007. Bem, os Catena Alta dispensam comentários e este já bebemos e foi comentado aqui no blog (clique aqui). Ele é completamente diferente do Viu 1, pois é muito mais floral. Como eu citei em minha primeira postagem sobre ele, é uma explosão de frutas (amoras, principalmente), misturadas com violetas. Vinho obviamente excelente agora, mas que em alguns anos, ganhará em elegância e complexidade. 
O amigo Rodrigo levou um outro vinhão: Cartuxa Reserva 2007. Vinho feito pela Fundação Eugênio de Almeida, que fica acima do conhecido Cartuxa Colheita, que já é muito bom. Mas o Reserva é outra categoria de vinho.  O corte leva uvas que eu gosto muito: Alfrocheiro, Aragonez, Alicante Bouschet e Trincadeira. Maturou 15 meses em barricas francesas. Ao nariz, notas florais, de cereja, groselha e baunilha. Em boca, muita maciez, com taninos sedosos, redondos. O vinho tem bom ótimo corpo e acidez. Uma beleza! Elegância pura, diretamente proporcional ao amigo Rodrigo, e certeza de agradar bons paladares!
Bem, começou a comemoração da Titularidade, e em grande estilo. Vamos ver o que vem por aí...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Amigos, nesta semana não postarei...

Caros amigos que me brindam diariamente com suas visitas ao "Vinhobão": Nesta semana estarei isolado para dar o polimento final em minhas apresentações para o concurso de titular que prestarei na próxima semana. Assim, não vou apreciar nenhum vinho, e portanto, não vou postar. Mas voltarei com tudo na quinta ou sexta-feira da semana que vem, apresentando os vinhos que espero apreciar para comemorar um possível resultado positivo. E se tudo der certo, será coisa boa!

Abração a todos!

Flavio

domingo, 4 de dezembro de 2011

Familia Deicas Prelúdio lote 81 2005, Ghemme 2003, Vallado 2008 e Quinta da Bacalhoa 2008 - Belos vinhos na casa de JP!

Sexta-feira à tarde, ao final de um dia bastante agitado e cansativo, fomos à casa do JP para uma happy, very happy hour. Chegando lá, já estavam bebendo um Vallado 2008, levado pelo amigo Rodrigo. Este já apreciado algumas vezes pelos confrades (veja aqui). É vinho com boa fruta, notas de violeta da Touriga Nacional e madeira presente. Tem que respirar um pouco para ficar melhor. E tomado daqui a algum tempo, ficará melhor ainda.
Eu levei um vinho que gostei bastante. Comprei no Free Shop de Puerto Iguazu, Argentina, e estava querendo experimentar faz tempo. Era o Prelúdio lote 81 2005, Uruguaio da Família Deicas. É vinho feito com uvas selecionadas e também selecionado em barricas. As barricas, geralmente umas 600, são mantidas em cavas subterrâneas e a cada 6 meses são selecionadas aquelas para continuar o processo. Ao final de 24-30 meses sobram cerca de 200, de onde são retirados os caldos para elaboração do blend. Este Lote 81 foi feito com 38% Tannat, 22% Cabernet Sauvignon, 10% Cabernet Franc, 15% Merlot, 8% Petit Verdot e 7% Marselan. Um belo corte! O tempo total em barricas foi de 26 meses, e foi engarrafado sem filtragem. É um vinho muito complexo ao nariz, com notas de figo seco, ameixa em compota, chocolate, caramelo, baunilha e anis. Em boca, é encorpado mas muito elegante e sedoso, sem nada sobrando. É bom citar que tem apenas 12,5% de álcool. Um vinhão, que geralmente é servido nas embaixadas Uruguaias para mostrar a qualidade atual dos vinhos feitos naquele país. O JP considerou o melhor da noite, assim como o Rodrigo. O Caião, que deu uma "desprezada básica" nele ao ver o belo preço que paguei no Free Shop da Argentina, não sabe o que perdeu.
E ele só foi perdoado porque levou novamente um Ghemme 2003, da Cantina Dessilani, já comentado aqui no blog, por duas oportunidades, e que é uma beleza.
O João, irmão do Rodrigo, levou um Quinta da Bacalhoa 2008. Bem, este vinho é sempre bom, mas acho que ele precisa descansar bem mais, pois está fechado e a madeira ainda aparece bastante. O vinho tem notas mentoladas, de chocolate e frutas escuras. No entanto, a madeira as sobrepuja, o que deve ser resolvido com anos de garrafa. Em boca, é vinho potente, de presença, mas os taninos ainda pegam. Vamos dar-lhe tempo!
Bem, e foi isso! Mas uma happy hour na casa do amigo JP, com belas companhias e belos vinhos!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Alain Brumont Gros Manseng/Sauvignon Blanc 2008 - Bom e barato!

Esses dias fui almoçar no Restaurante Tulha, no Damha Golf Club, em São Carlos, e ao ver a carta de vinhos me lembrei de uma postagem do amigo Eugênio, do Decantando a Vida, na qual ele descrevia um vinho de Alain Brumont, o Les Jardins de Boucassé (leia aqui). E na carta do restaurante, vi um branco com bom preço do mesmo produtor. Era o Alain Brumont Gros Manseng-Sauvignon Blanc 2008. Não tive dúvidas em experimentar com um bom peixe. O vinho é feito no sudoeste da França, mais especificamente em Gascogne, de forma orgânica e sem passagem por madeira. Vinho de bela cor amarelo esverdeada e com nariz muito agradável. Notas de pêra, limão siciliano e pêssego, em meio a gostosas notas florais. Em boca, de bom corpo e com ótima acidez. Um vinho muito bom para seu preço, que na Decanter não passa de 50 Reais.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

VALDUERO GRAN RESERVA 1999! GRANDE VINHO OFERTADO PELO PAULÃO!

O amigo Paulo, ou Paolao para os amigos, ofertou ao JP e a este que vos escreve, um vinho de primeiríssima. O vinho foi um Valduero Gran Reserva 1999. As Bodegas Valduero são de propriedade da familia Garcia-Viadero, e são relativamente novas (década de 80). As Bodegas produzem vinhos em Ribera del Duero, Toro e Rioja. Vale a pena entrar em seu site e conhecer sobre as Bodegas, principalmente os três túneis de 90, 100 e 120 metros, onde são feitos e mantidos os vinhos. 
Nós apreciamos tempos atrás of Crianza e o Reserva (quando ainda não tinha o blog). Este Valduero Gran Reserva 1999 é um vinho top da vinícola, ficando atrás apenas do 12 Anos. Ele é feito com 100% Tempranillo e que envelhece 48 meses em barricas de carvalho e 40 meses em garrafa. Ao nariz, notas de bala toffee, cereja seca e alcaçuz. Muita rico! Em boca, pleno, cheio, untuoso! E ainda aguentaria uns bons anos! Que beleza Paolão! Um vinhaço! E para quem for beber, a decantação é necessária. A propósito, os vinhos Valduero são importados pela Ana Import

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Caro Maestro 2004 - Vinho Siciliano levemente exótico e de personalidade

Dias atrás apreciei um vinho que adquiri tempos atrás na Mercovino, e que deixou muito bem impressionado. É um italiano da Sicilia, o Caro Maestro 2004, elaborado pela Cantina "Fina". É um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot, e que estagia 2 anos em barricas de carvalho. Ao nariz, notas de pitanga, romã, cassis, chocolate e especiarias. Em boca, repetia o nariz e tinha taninos salientes, além de ótima acidez. Vinho gastronômico e com personalidade - diferente! Eu gostei bastante. Acredito que aguentaria bons anos ainda. Merece respirar um pouco antes do consumo. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Trapiche Single Vineyard Adriana Venturin 2006, Esporão Reserva 2008, Quinta da Bacalhoa 2009, Pessac-Leognan de Martillac 2005 e [Yellow Tail] Shiraz 2010

Na última reunião da Confraria o Caião matou a pau! Levou mais uma vez um Trapiche da série Single Vineyards que estava delicioso. Ele já havia nos brindado com um Fausto Orellana de Escobar 2007, um Domingo Sarmiento 2007 e nesta reunião levou um Trapiche Viña Adriana Venturin 2006. Um vinhaço! Ao nariz deliciosos aromas de ameixa, figo, café-com-leite e leve tabaco. Em boca, repetia o nariz e tinha taninos finíssimos e final longo, delicioso. Aliás, todos estes Malbecs da linha Single Vineyards da Trapiche são muito bons. Nadinha a ver com aqueles Malbecs cheios de extração, muito doces etc. São vinhos acima da média.
O Rodrigo levou um Esporão Reserva 2008 que eu já havia bebido no final do ano passado (veja aqui) e bebi depois também na degustação recente da Mercearia 3M. É um ótimo vinho, com notas de frutas vermelhas, chocolate e tabaco. Muito gostoso em boca, como é tradição do Esporão Reserva, que considero um ótimo custo benefício. É sempre certeza de agradar.
O Tonzinho levou um Quinta da Bacalhoa 2009, novinho, novinho. Muito bom, mais ainda muito fechado, com taninos ainda muito presentes. Deve ficar ótimo com um tempinho de adega. Mas já dá para tomar agora, depois de uma boa decantação e com comida gordurosa.
Eu levei um Pessac-Leognan de Latour de Martillac 2005. É o segundo vinho de Latour de Martillac, e já havia bebido uma garrafa dele tempos atrás (veja aqui). Bem, aqui fica patente aquela máxima "cada garrafa, uma garrafa...". Estava bem diferente do primeiro. Este que levei agora estava fraquinho, aguado, embora bebível. Mas o pessoal não gostou. Aliás, nem eu. Mas talvez se ele tivesse sido bebido sem a presença dos "pessoal" potente aí de cima, fosse melhor avaliado.
Mas não gostaram mesmo foi do vinho que o JP levou. Era o australiano [Yellow Tail] Shiraz 2010. Eu estava com vontade de provar este vinho, pela fama que ele tem de ser um dos mais vendidos nos EUA e no mundo. É claro que não esperávamos muito dele, pois é um vinho barato e feito para o grande público. Mas ninguém gostou. Todos achamos muito doce, enjoativo, sem apelo. Talvez agrade iniciantes e principalmente os americanos, que geralmente gostam de vinhos assim. Eu fiz até uma postagem separada dele, mas aconteceu algum problema com a sua formatação e acabei tirando.  O JP disse que bebeu o Merlot e que ele estava gostoso. Mas eu esperava que o Shiraz, uva muito bem trabalhada na Austrália, fosse bom. Bem, o Tom, por brincadeira, o colocou de cabeça para baixo na foto, pela decepção que causou.
O JP arriscou e não se deu bem... Se alguém tinha alguma dúvida, está dirimida: O JP vai levar o Trofeuzão este ano! Vamos torcer para que no próximo ano ele perca a chave do armário... rs.

domingo, 27 de novembro de 2011

Uma noite sublime com vinhos de Lopez de Heredia na Gran Reserva, São Carlos

Nessa última semana os amigos Clóvis e Elena, do Empório Gran Reserva, nos brindaram com uma belíssima noite regada a vinhos da tradicionalíssima bodega espanhola R. Lopez de Heredia. A centenária bodega é hoje administrada pelos descententes de Don Rafael Lopez de Heredia y Landeta, que a criou em 1877 em Haro, a capital de Rioja Alta. Os vinhos desta bodega são a expressão máxima da tradição riojana. São vinhos feitos à moda antiga, utilizando leveduras selvagens, transiegas manuais, sem filtração, com longo envelhecimento em carvalho americano usado, longo descanso em garrafa antes da comercialização etc. Seus brancos, são sublimes e muito longevos - Vinhos de exceção! Eu tive o prazer de apreciar vários vinhos do produtor, e eles sempre me agradaram, e muito (veja aqui comentários sobre o Tondonia Reserva 2000, Bosconia 2000 e Gravonia 1996). 
Bem, os vinhos apreciados na noite, e acompanhados do sempre delicioso coquetel Gran Reserva, foram quatro. O primeiro deles foi o Tondonia Gran Reserva branco 1987. Vinho feito com 85% Viura e 15% Malvasia, e que passou 9 anos e meio em carvallho e 6 anos em garrafa! Isso mesmo! Uma beleza de vinho! Bela cor dourada e nariz típico, com notas amendoadas, de maçã seca, amanteigadas, de panificação e de mel. Em boca, muito gostoso, com aquele toquinho levemente oxidado característico. Um vinho de 24 anos e impecável. Embora eu ache que já atingiu seu ápice. Depois dele, partimos para os tintos e apreciamos um Bosconia Reserva 2003. É um vinho feito com 80% Tempranillo, 15% Garnacha e 5% Mazuelo e Graciano. Eu achei o mais rústico de todos os tintos, e mais austero. Acredito que estará melhor após alguns anos de adega. Os taninos ainda estão pegando um pouco. Mas estava muito bom, com notas de cereja, de funghi secchi, de alcaçuz e aquelas notas cítricas que eu gosto.
Seguimos então com o Tondonia Reserva 2001. O vinho é feito com 75% Tempranillo, 15% Garnacha e 10% de Graciano e Mazuelo, e passa 6 anos em carvalho e 2 em garrafa. Este estava mais potente que o 2000 que apreciei recentemente. Inclusive a cor estava um pouco mais escura. Esta mais pronto que o Bosconia e mais redondo, com notas de cereja, de tabaco, baunilha e cítricas. Em boca, bem gostoso, com bela acidez e taninos elegantes.
Bem, e aí veio a fera: O Tondonia Gran Reserva 1991. Vinho feito com o mesmo corte do Tondonia Reserva, mas que passa 8 anos em carvalho americano. A primeira impressão já foi deliciosa. Notas de cereja seca, caramelo e cítricas. Muito complexo. Vinho cheio de camadas. E foi se alterando com o tempo. Em boca, elegância pura, muita finesse. Como era de se esperar de um Tondonia: Excelente!
Bem, a noite foi belíssima, com todos os ingredientes para torná-la agradabilíssima: Belos vinhos, boa comida e companhia de pessoas amigas! Querer mais o que? Uma próxima, claro...

Degustação de vinhos da Qualimpor - Mercearia 3M

João Palhinha com o Quinta dos Murças e Private Selection branco
Ontem participei de uma degustação de vinhos da Qualimpor, organizada pela Mercearia 3M, que comercializa os vinhos desta importadora na cidade de São Carlos. Vou ser breve, pelo tempo. Dos brancos provados, gostei de todos, a começar pelos frescos Crasto e Monte Velho, até os mais encorpados Vinha da Defesa e Esporão Reserva, em sua safra 2010. Este último é sempre bom. Dos tintos, gostei do Esporão Reserva 2008, que já havia tomado no final do ano passado, e que agora já está mais aberto, e do 4 Castas. Este último é feito com Alicante Bouschet, Syrah, Petit Verdot e Alfrocheiro. Um corte que gosto bastante. Vinho bastante complexo, com boa fruta, notas mentoladas e de café com leite. 
Da Quinta do Crasto, destaque para o Crasto Superior 2009, com muita fruta madura (amora), alcaçuz, chocolate e boa mineralidade. Este também é certeza de agradar. Foi um dos preferidos do pessoal.
Pudemos também participar de uma palestra do simpático João Palhinha, que agora reside no Brasil e representa a Qualimpor. Nela, pudemos ouvir sobre e apreciar 4 vinhos de gama superior da Esporão e Crasto. O primeiro foi o Esporão Private Selection Branco 2008, feito majoritariamente com a uva Semillon, mas que contém também Marsanne e  Roussanne. Vinho amarelo ouro, com notas frutadas de pêssego e pêra, em meio a notas da madeira. Em boca, boa acidez e um leve e bem-vindo amargor final. Vinho que deve ser bom par para uma boa posta de bacalhau.
Seguimos com um Roquette e Cazes 2007. É o irmão menor do grande e potente Xisto. Este 2007 é feito com 60% Touriga Nacional, 15% Touriga Franca e 25% Tinta Roriz e foi maturado 18 meses em barricas de carvalho francês (70% novas e 30% de 1 ano). É um vinho muito complexo ao nariz e em boca. Ao nariz, notas de frutas maduras, chocolate, balsâmicas e de alcaçuz. A madeira é bem presente. Em boca, repete o nariz e mostra taninos sedosos. O final é longo e prazeiroso. Muito bom vinho. 
Depois dele, apreciamos o Quinta do Crasto Vinhas Velhas 2009. Como sempre, um vinhão! Este ainda está novinho, novinho, ainda por abrir nos próximos anos. O nariz é rico em amora, kirsch, e chocolate. Em boca, obviamente, os taninos ainda pegam, mas o vinho já pode ser bebido tranquilamente, principalmente acompanhando comida. Mais um belo Vinhas Velhas, para amadurecer bem em adega.
Em seguida, apreciamos aquele que achei o mais interessante de todos, o Quinta dos Murças 2008. É um vinho feito pela Herdade do Esporão, no Douro, com uma mistura de uvas que contém, dentre outras, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinta Barroca, Tinta Miúda, Touriga Nacional, Touriga Francesa e Sousão. Vinho feito com pisa-a-pé e que estagiou por um ano em barricas de carvalho francês e americano. Possui uma cor escura, aromas frutados e notas de tabaco bem gostosas. Em boca ainda está jovem, fechado, mas mostra grande potencial de envelhecimento. Eu quero experimentar este vinho daqui a alguns anos, pois penso que evoluirá muito bem. 
O último vinho provado foi um Esporão Garrafeira 2008. Aliás, Private Selection 2008... Vinho feito majoritariamente com Alicante Bouschet e Aragonês, e que matura por 18 meses em barricas de carvalho francês. O mais fechado de todos. Precisa de uns bons anos para mostrar suas qualidades, que já sabemos, são muitas. Vamos aguardar.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

TOP 100 WINE SPECTATOR 2011: A LISTA COMPLETA

E finalmente, saiu a lista completa da Wine Spectator, a qual coloca abaixo. Bem, sem dúvida muitos vinhos excelentes ficaram fora dela (e deve ter outros não tão bons incluidos), o que é absolutamente normal. Agora dá prá divertir um pouco, experimentando os vinhos e vendo se concorda com eles, etc. Geralmente o que acontece é que alguns deles somem do mercado, ou ganham um belo aumento de preço. Outros não. É questão de conferir. Em todo caso, eu acho a brincadeira legal e me divirto, afinal, vinho é para isso! Já vi que tem o Catena Malbec 2009 (sempre presente), o Quinta do Vale Meão 2008, que eu suspeitava, e o Noemia 2009 (que ficou em centésimo! Só? Mas é o preço do danado). Estes dias bebemos o número 35 (Two Hands Bella's Garden 2009 - veja). O Quinta do Crasto vinhas velhas 2008 também já apreciamos (leia aqui). O Argiano Non Confunditor 2008, que eu suspeitava, está em 46, e o Pétalos de Bierzo 2009 é número 26, e ai vai... 

A lista (clique sobre a imagem para aumentar ou salve e abra depois, com zoom, para melhor visualizar):


domingo, 20 de novembro de 2011

Tsantali Mavrodaphne de Patras - Vinho de sobremesa bom e barato!

Tempos atrás, vi no supermercado Carrefour um vinho Grego de sobremesa que havia lido comentários em uma revista, que infelizmente não me lembro qual. Resolvi então adquirir uma garrafa, mesmo por que, tinha um preço muito bom. Eu não sou lá de adquirir vinhos em supermercados, mas este foi uma grata surpresa. É um Tsantali Mavrodaphne de Patras Cellar Reserve. A Tsantali é uma empresa centenária que produz também os famosos Tsipouro e Ouzo. O vinho em questão é feito com a uva autóctone Mavrodaphne. A uva é fermentada até que metade do açucar tenha sido convertido em álcool, quando então a fermentação é interrompida pela adição de aguardente vínica até atingir 18% de álcool.  O vinho envelhece 5 anos em barrica. Sua cor é escura, tendendo ao café. Ao nariz, é bastante complexo, com notas de açúcar mascavo, ameixa, passas, figo seco e café. Em boca é muito gostoso, puro, ou acompanhando clássicos como queijos azuis e chocolate. Mas o produtor sugere em seu site bolo de cenoura. Eu experimentei com todos estes, e digo que ficou ótimo com chocolate meio amargo e também muito bom com o bolo de cenoura! Valeu a experiência! Uma alternativa boa e barata aos vinhos do Porto.

sábado, 19 de novembro de 2011

Tikal Jubilo 2007, Buriano Cabernet Sauvignon 2003 e Van Zellers 2007 - Três bons vinhos na Confraria

Nessa última quinta-feira começamos a noite com um vinho português produzido pelo Douro Boy Cristiano Van Zeller, o Van Zellers 2007. O vinho é feito com Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Sousão. Chamou-me a atençao sua cor rubi brilhante muito bonita. Ao nariz, notas de framboesa, amora e romã. Em boca, repete o nariz e possui taninos sedosos, e boa acidez. Foi a segunda vez que apreciei este vinho, que achei muito refinado para sua faixa de preço. Infelizmente ele foi relegado a segundo plano pelos confrades, que estão com uma tendência muito novo-mundista (infelizmente...). 
O Caio levou um vinho excelente, o italiano Buriano 2003, de Rocca di Castagnoli. É um vinho top da vinícola, feito com Cabernet Sauvignon (100%) de videiras de baixo rendimento. Ao nariz, notas de cassis, cereja, alcaçuz, couro e café. Em boca, bela acidez e taninos pegados, levemente arenosos. Para mim, uma beleza de vinho. Do tipo que eu gosto.
O Tom levou um vinho que eu ainda não havia bebido com calma. Só havia degustado em um evento da Mistral tempos atrás. Mas para mim, tomar um pouquinho só é insuficiente. O bom mesmo é curtir bastante, deixar o vinhão ganhar vida na taça, encher a boca. E desta vez pude fazer isso com o argentino Tikal Júbilo 2007, de Ernesto Catena. Bem, nem preciso dizer que é novo-mundo típico, né? Vinho estilo internacional. Este 2007 foi feito com Cabernet Sauvignon e Malbec (50/50). No site da Mistral está como sendo 90% Cab e 10% Merlot, mas está equivocado. As safras de 2006 e 2007 foram Cab/Malbec (50/50). A de 2005 tinha mais Cabernet (75%). O nariz deste 2007 é muito gostoso, com notas de frutas maduras, como a ameixa e figo, mas sem exageros. Também notas de alcaçuz, café com leite e baunilha. Em boca, muito sedoso e bastante amplo. Para o meu gosto, faltou só um pouquinho de acidez e taninos mais presentes. Aí ficaria um estouro. Mas este é o meu gosto. O vinho é muito bom, gostoso mesmo, fácil de agradar. Acredito que deve ganhar em complexidade com anos de adega. 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

TOP 100 DA WINE SPECTATOR EM 2011 - SAIU O NÚMERO 1!!!


E depois da revelação dos vinhos que ficaram de 6-10 e de 2-5, saiu o número 1 da Wine Spectator em 2011. E como eu suspeitava, é um americano: Kosta Browne Pinot Noir Sonoma Coast 2009! É de uma vinícola acostumada a faturar grandes notas da revista, e desta vez, faturou o número 1! Veja a seguir a descrição da Wine Spectator:



terça-feira, 15 de novembro de 2011

TOP 100 WINE SPECTATOR 2011: CONHEÇA DO QUINTO AO SEGUNDO! FALTA SÓ O NUMBER ONE!

Acabou de sair mais 4 vinhos dos TOP 10 da WS em 2011. Agora só falta o número 1! E a lista final dos TOP 100.
Vejam abaixo os agraciados. Aparecem dois americanos, e um Vouvray do Loire (que legal!). Veja também o Brunellão 2006, de Campogiovanni, que eu suspeitava estar bem na fita. Merecido! Brunello é Brunello!!! Tomara que você já possua algum destes grandes vinhos em sua adega...


5 - Dehlinger Pinot Noir Russian River Valley 2008 95 pts

4 - Campogiovanni Brunello di Montalcino 2006 96 pts

3 - Domaine Huët Vouvray Moelleux Clos du Bourg Première Trie 2009 96 pts

2 - Hall Cabernet Sauvignon Napa Valley Kathryn Hall 2008 96 pts


Amanhã sai o número 1. Vamos aguardar!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

REVELADOS OS PRIMEIROS VINHOS DOS TOP 100 DA WINE SPECTATOR!!! COMEÇOU A REGRESSIVA!

Quentinho para os amigos! Acabou de sair os vinhos que ficaram de décimo a sexto lugar na lista dos TOP 100 2011 da Wine Spectator. E como eu previa, e desejava, o Rhone está bem representado! E o português Vallado, como também sugeri em minha postagem anterior, está representado com justiça pelo Touriga Nacional 2008 (que guardo bonitinho em minha adega...). Bem, até o momento, para meu deleite, o velho mundo está na frente, pois só apareceu um americano (6th).

Bem, vai abaixo a relação:
          
10 - Château de St.-Cosme Gigondas Valbelle 09 - 94 pts


 9 - Alain Graillot - Crozes-Hermitage La Guiraude 09 - 94 pts


 8 - Domenico Clerico Barolo Ciabot Mentin Ginestra 06 -96 pts


 7 - Quinta do Vallado Touriga Nacional Douro 08 - 95 pts


 6 - Baer Ursa Columbia Valley 08 - 95 pts


Amanhã divulgo de 5-2 e na quarta, o Number One!

domingo, 13 de novembro de 2011

E vem aí a lista dos TOP 100 da Wine Spectator

Será o grande Noemía
finalmente reconhecido?
Nos próximos dias a Wine Spectator começará a divulgar, aos poucos, os TOP 10 de 2011. Tempos depois, divulgará a lista completa. Todo ano gosto de brincar e arriscar uns palpites para os TOP 100. Infelizmente, este ano estou com pouco tempo e não poderei dar meus chutes com mais vontade, e ficarei mais na expectativa. No entanto, devo supor a presença forte dos vinhos americanos, que aumenta a cada ano. Dois deles acho que estarão presentes: O Carlisle Syrah Sonoma County 2009 e o Robert Mondavi Cabernet Sauvignon Oakville 2008. Da França, acho que a lista conterá exemplares de Chateauneufs do ano de 2009, que estão fazendo sucesso. Aliás, acho que o Rhone todo estará bem repreesentado (ou pelo menos, deveria...).
Da Espanha, acho que o belo, e de bom preço, Pétalos de Bierzo 2009 estará presente.
De Portugal, arriscarei o bom e bem barato Duorum Tons 2009, por que Meão, Vallado e companhia são sempre concorrentes fortes.
Da Itália, os Brunellos 2006 devem vir em peso, e aí fica dificil arriscar um nome entre tantos bons. A briga deverá ser feia entre Campogiovanni, La Serena, Casanova di Neri etc. No entanto, eu ficaria muito feliz se o grande Biondi-Santi tivesse seu reconhecimento. Mas acho dificil, pelo preço mais alto. Entre os vinhos mais baratos, pode ser que o Argiano Non Confunditor 2009 apareça.
A Austrália sempre tem seus vinhos na lista. Eu ficaria feliz, no entanto, que a Africa do Sul tivesse alguns representantes, como o Paul Sauer 2008.
Acho que este ano a Argentina estará mais representada que o Chile. Bem, a familia Catena sempre tem seu lugarzinho garantido, mas este ano acredito que a Bodega Noemía vai ser aclamada. O ótimo J.Alberto talvez esteja presente, mas o grande Noemía, top da vinícola, pode ser grande destaque. E eu torcerei para isso!
Bem, vamos ver no que dá...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Confraria do Ciao não brinca: Cos d'Estournel, Castillo Ygay, Chateau d'Armailhac, Ormes de Pez e Braccale

Ontem tivemos mais uma daquelas belas reuniões da Confraria do Ciao, regada, obviamente a belos vinhos. Bem, eu nem precisaria comentar sobre os vinhos do título, mas o farei, brevemente. Primeiramente, devo citar a belíssima coincidência ocorrida entre o amigo Rodrigo e eu. Na comemoração de um ano do blog Vinhobão o Rodrigo levou um belíssimo Cos d'Estournel 2002 e eu, um Castillo Ygay Gran Reserva Especial 2001 (clique aqui para ler a postagem). Ontem, eu decidi levar um Cos d'Estournel 2004 e para minha surpresa, chega o amigo Rodrigo com uma belíssima botella de um Castillo Ygay Gran Reserva Especial 2004. Que maravilha de coincidência! Estes dois vinhos dispensam apresentações. No entanto, comparando com aqueles apreciados anteriormente, mostraram diferenças marcantes. O Ygay 2004 está obviamente mais vivão que o 2001 e mostra mais tostado e potência. Da mesma forma, o Cos d'Estournel 2004 também se mostrou mais potente e tostado que o 2002, que estava mais pronto. O Ygay 2004 já está pronto para beber, mas sem dúvida aguentaria bons anos pela frente. Um vinhaço! Não é à toa que é considerado um dos melhores de Rioja. Valeu Rodrigão! O Cos ainda tem muitos e muitos anos pela frente, mas já está explosivo agora. Os confrades ficaram comparando os dois vinhos, a meu ver, incomparáveis. A única coisa que se pode dizer é que são grandes vinhos. O Ygay, como um grande vinho espanhol, agrada sempre e não tem erro. É aposta certa de prazer. O Cos já é mais temperamental e complexo, e exige compreensão, mesmo por que, este ainda é um bebê. A outra garrafa que tenho ficará guardada por bons anos e deverá ficar soberba. 
O amigo Paulão levou um grande vinho, o Chateau d'Armailhac 2006. Outro bebê! O Chateau d'Armailhac é de propriedade de Mouton-Rothschild e é um Gran Cru Classé (5ème) de Pauillac. É um blend de 64% Cabernet Sauvignon e o restante de Merlot e Cabernet Franc. É um vinho de médio corpo, com notas deliciosas de framboesa e groselha mescladas a notas de cânfora e café. Tudo muito sutil, nada de exageros. Um vinho mais pronto para beber que o Cos e obviamente, de estilo muito distinto, sendo menos potente. Uma delícia! Agradabilissimo! Não precisaria dizer, mas qualquer um destes anteriores carecem bom tempo em decanter.
O JP levou um Chateau Les Ormes de Pez 1994. O vinho é um Cru Burgeois de Saint-Estèphe, sendo considerado um dos melhores na faixa. Já comentei sobre um 2004 aqui no blog. Este 1994 já estava em seu ápice. Mostrava ao nariz, além da fruta,  notas marcantes de couro e estrebaria. Um bom e agradável vinho, mostrando que bordeaux mais "velhinho" agrada mesmo.
O Tonzinho levou um vinho que para mim foi uma grande surpresa. Era um Braccale 2008, de Jácopo Biondi-Santi. O vinho é produzido em Maremma e é um corte de 80% Sangiovese e 20% Merlot. Uma delícia ao nariz, com notas suaves de cereja, chá e funghi secchi. Em boca, muito redondo e com excelente acidez. Os taninos, obviamente, ainda estão presentes e em alguns anos devem melhorar bastante. Mas o vinho estava perfeito com a comida. Um belíssimo custo benefício! O vinho é importado pela Mistral. É compra certa. Recomendo mesmo!
Precisa dizer que a noite estava mais uma vez maravilhosa?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A-Crux Blend 2002 - Mais uma beleza de vinho de Fournier!

Nessa última semana a reunião da confraria estava esvaziada. Apenas estavam presentes o Fernandinho, João Paulo e este que vos escreve. Bem, mas nos divertimos muito, como sempre. E os colegas confrades haverão de admitir que o centro da diversão foi um vinho levado por mim, o argentino A-Crux blend 2002, da vinícola O.Fournier. Eu, particularmente, adoro os vinhos desta vinícola, sejam eles produzidos na Espanha, Chile ou Argentina. Já comentei aqui sobre o A-Crux Malbec, que considero um dos melhores feitos com esta cepa na Argentina.
Este A-Crux 2002 eu trouxe da Argentina, mais precisamente da Vinoteca Don Jorge, de Puerto Iguazu, onde se pode encontrar belos vinhos argentinos, inclusive uma linha de vinhos de belos anos, como aqueles de 2002. O vinho é um corte de 60% Tempranillo, 35% Malbec e 5% Merlot, que estagia em carvalho francês e americano. Ao nariz, já mostrava a presença da Tempranillo, com notas de cereja e leve tabaco, e da Malbec, com notas de figo e ameixa. A Merlot lhe aportava um toquezinho especiado. Tudo isso,  integrado à madeira levemente doce. Em boca, repetia o nariz e possuía taninos sedosos, redondos. O vinho tinha ótima acidez e também mineralidade. Apesar de ser um 2002, mostrava grande jovialidade! Ainda aguentaria tranquilamente alguns anos na adega, mas não lhe demos esta chance, felizmente! O vinho agradou a todos, mas vi no JP a empolgação de quem aprovou com distinção. É realmente um grande vinho. Um Argentino com alma espanhola. Este sim justifica o fato de ter levado 93 pontos da WS e ficado entre os top 100 de 2006, sendo eleito também o melhor vinho do novo mundo pela revista inglesa Decanter.
A propósito, os vinhos O.Fournier são importados pela Vinci.
Bem, os vinhos oferecidos pelo Fernandinho e JP não vou citar, pois não agradaram. Vou deixar aqui apenas a bela impressão do A-Crux...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Georges Vernay Saint-Joseph 2007 - Raça e longo final!

Nesta última semana o JP me ofertou uma garrafa de um belo Syrah do norte do Rhone, produzido pelo Domaine Georges Vernay. O vinho era um Georges Vernay Saint-Joseph 2007. A extensa denominação de Saint-Joseph se localiza a oeste do rio Rhone, em sua porção norte, e se estende de Cornas a Condrieu. As vezes é dificil distinguir os vinhos desta denominação daqueles do Rhone-Sul, no entanto, principalmente aqueles mais ao norte, costumam ser distintos. Este Georges Vernay Saint-Joseph 2007 é produzido a partir de uvas plantadas em apenas 1,5 hectares da porção ao norte da apelação. É um 100% Syrah que mostrava ao nariz notas potentes de amora silvestre madura, bastante densas, mescladas a notas minerais fortes e aromas de violetas. Em boca era potente, raçudo, com longo final. Os taninos ainda devem arredondar com o tempo, mas o vinho já pode ser apreciado agora sem problemas. Ótimo para acompanhar carne assada. Eu gostei muito, pois gosto bastante dos Syrah minerais. Este estava perfeito! Valeu JP!

domingo, 6 de novembro de 2011

Acinipo 2003 - Un beso delicado hecho en vino!

O título da postagem é poético, mas não é meu. Eu emprestei a frase da gentil Alba Aponte, da loja Al Sur de Granada, Espanha, que definiu desta maneira o vinho Acinipo, de Federico Schatz. E devo adiantar que ela tem toda a razão. 
Federico Schatz é descendente de uma família alemã envolvida com a produção de vinhos desde o século dezessete. O vinhateiro produz em Ronda, Málaga, vinhos ecológicos/biodinâmicos em sua propriedade de apenas 3 hectares, a qual foi a primeira a ter o certificado de produção orgânica. 
O vinho Acinipo tem este nome devido à cidade ancestral de Acinipo, que fica alí perto, criada pelos legionários romanos há mais de 2 mil anos. Alguns monumentos que restaram da cidade ainda são atrações turísticas na região. Aliás, Acinipo significa "terra do vinho". O vinho Acinipo é produzido por Federico Schatz utilizando a uva Lemberger, que como outras, tem sua origem discutida, mas acredita-se que seja Austríaca. Hoje, a uva é plantada na Áustria, Alemanha, estado de Washington (EUA) e obviamente, nos 3 hectares de F. Schatz, onde divide espaço com a Pinot Noir, Petit Verdot, Chardonnay e Muskattrolinger. A uva Lembeger pode produzir vinhos concentrados e potentes, e também mais leves e refinados, que é o caso deste Acinipo 2003. O vinho envelheceu 16 meses "sur lie" em barricas novas de carvalho francês e eslavonio. Possui uma cor belíssima, rubi claro e um nariz com notas de groselha e cereja. Em boca, demorou a abrir um pouco e no começo se mostrava seco e levemente herbáceo. No entanto, após aeração (necessário para este tipo de vinho) ele se abriu e mostrou notas elegantes de frutas, café e leve cacau, tudo na medida certa e bem integrado com a madeira. O vinho tinha uma acidez vibrante e taninos secos, mas muito finos. O final, era longo e prazeroso. Uma delícia! Excelente! Foi unanimidade! Uma belíssima surpresa e apropriada para quem está a fim de sair das mesmices. Depois de bebê-lo entendi a definição da Alba, e agradeço muito sua recomendação. Aliás, estes dias vi que a Casa do Porto  comercializa este e outros vinhos de F. Schatz, o que foi uma grata surpresa. Pode comprar sem medo de ser feliz!!! Para minha felicidade, esta, e outras garrafas de vinhos espanhóis "fora do circuito", me foram trazidas pelo amigo Marcelo "Vascaíno", direto de Granada. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Os vinhos naturais espanhóis: Vinhos vivos e sem maquiagem!


Visitando o Restaurante Ruta del Azafran, em Granada, pude apreciar pela primeira vez os vinhos naturais espanhóis. Na ocasião, apreciei os vinhos da Bodega Barranco Oscuro, que muito me encantaram. O Rubaiyat, feito com a Syrah, é uma explosão de aromas, grande presença em boca e excelente mineralidade (veja aqui a postagem sobre o vinho). 
Recentemente entrei em contato com uma loja em Granada que vende os vinhos da Barranco Oscuro e também de outras bodegas que produzem vinhos naturais. E assim, pude ir conhecendo um pouco mais destes vinhos e do caminho que alguns produtores espanhóis estão seguindo.

Mas o que é um vinho natural?

A Associação de Produtores de Vinhos Naturais da Espanha define, em sua página, como sendo aqueles vinhos feitos com uva natural, sem adicionar ou tirar nada desta uva. O resultado é um fiel reflexo da terra de onde nasce o vinho.


A Associação prega alguns princípios para seus associados, os quais estão presentes em sua página e que adaptei e coloco a seguir:


1. Cultivo com respeito ao meio ambiente


Pratica-se agricultura ecológica ou biodinâmica, ou simplesmente são seguidos métodos ancestrais, com a utilização de produtos naturais e respeito aos ciclos naturais. Os tratamentos utilizando enxofre ou sulfato de cobre são permitidos, mas devem se limitar ao imprescindível. Geralmente são tratamentos feitos no início da produção, não no final. NÃO SE USAM PRODUTOS QUÍMICOS, HERBICIDAS, PRAGUICIDAS, FUNGICIDAS SISTÊMICOS NEM ORGANISMOS MANIPULADOS GENETICAMENTE.



2. Compromisso com o ambiente natural

Além de usar uma agricultura respeitosa, deve-se manter um comportamento coerente na hora de canalizar recursos como a energia, o trabalho e a água. Os vinhos devem ser engarrafados em garrafas de vidro e devem ser utilizadas rolhas naturais. Deve-se praticar uma agricultura sustentável, gerando um mínimo de resíduos e, aqueles gerados, devem ser manejados de maneira adequada.

3. O vinicultor é o autor

O autor do vinho controla o vinhedo, é responsável pelos trabalhos realizados e toma as decisões. É indicado que os vinhedos sejam na propriedade e não se pode comprar uvas de vinhedos não controlados. O produtor deve trabalhar diretamente na produção e dedicar parte importante de seu tempo ao trabalho no vinhedo.

4. Autenticidade e singularidade

A uva deve refletir as condições da terra e colheita. Não devem existir elementos que distorçam a expressão da terra e da uva no vinho. É preferível o trabalho manual e artesanal. Se utilizada, a maquinaria não deve alterar as condições naturais da uva, do mosto ou do vinho. NÃO SE FILTRA NEM CLARIFICA O VINHO, PARA CONSERVAR SUAS CARACTERÍTICAS. NÃO SE UTILIZA LEVEDURAS COMERCIAIS nem qualquer outro produto para acelerar ou conduzir a fermentação alcoólica. Não se utilizam bactérias maloláticas para acelerar ou conduzir a fermentação malolática. Não se corrige a acidez (com ácido tartárico, cítrico ou qualquer outra substância) e tampouco se deacidifica. Não se adiciona açúcar (chaptalização) nem álcool. Não se adiciona ácido ascórbico, sórbico ou sorbato de potássio,, antibióticos ou aromas. Não são utilizados pedaços de madeira para aromatizar. Não se utiliza osmose reversa, concentração, criomaceração ou qualquer outra técnica que suponha a desagregação artificial dos componentes do mosto e do vinho. Não se filtra para não se eliminar componentes naturais e benéficos para a evolução natural do vinho.

5. Não se utiliza dióxido de enxofre (SO2)

O SO2 é prejudicial à saúde de quem com ele trabalha, causando irritação e outros males. Para o consumidor, acredita-se ser o causador da famosa dor de cabeça e ressaca pós consumo. Além disso, pode causar problemas para pessoas alérgicas. NÃO SE UTILIZA EM NENHUM MOMENTO. O vinho não deve ter SO2 adicionado. O SO2 total detectado por análises deve corresponder ao que foi gerado pelo próprio vinho no processo de vinificação.

6. Se diz o que se faz e se faz o que se diz

A honestidade e transparência são os valores principais dos produtores dos vinhos naturais. Todo o processo produtivo é informado. As análises químicas dos vinhos deverão estar sempre à disposição de clientes e consumidores, assim como o maior número de informações possível que demonstrem sua autenticidade. NÃO SE PODE OCULTAR INFORMAÇÃO.

7. Compromisso com a associação e associados

Os postulados da associação deverão ser compartilhados e defendidos. Deve haver colaboração entre os associados em todos os aspectos, inclusive técnicos. Os associados devem participar da associação ensinando e aprendendo. A terra deve ser trabalhada segundo as leis da natureza para a obtenção da melhor uva em cada ano. Os associados devem compartilhar experiências e ter o compromisso de melhora constante, defendendo a produção de vinhos naturais. Os sócios não podem participar de atividades que sejam contraditórias com os postulados da associação de produtores de vinhos naturais, seja dentro ou fora do setor do vinho.

Bem, todos os itens são bastante importantes, mas dois deles (4 e 5) são  fundamentais para os produtores de vinhos naturais.

Em próximas postagens colocarei minhas impressões sobre alguns vinhos que um amigo me trouxe de Granada recentemente, da loja Al Sur de Granada, alguns deles naturais, outros ecológicos e biodinâmicos (para saber as diferenças entre eles acesse um artigo da Revista Adega).